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segunda-feira, 11 de maio de 2009

Viver morto? Morrer vivo? Morrer morto? Morrer morto-vivo?

Neste texto vou apenas mostrar alguns tópicos que andei a pesquisar, também alguns links que vou explicitar mas de forma reduzida.
Em curtas palavras digo que sou a favor da eutanásia, completamente, mas não é isso que me leva aqui hoje.

Primeiro, reparei numa notícia de 2008, novembro, em que o Centro de Estudos de Bioética defende os cuidados paliativos( que não vou explicar, pois já aqui foram referidos - Texto da Patrícia), não explicitam muito bem o seu ponto de vista na notícia, apenas afirmam que deverá haver uma “rápida e total implementação da rede de cuidados paliativos, certa de que a resposta a um (raro) pedido de eutanásia é a compassiva e total prestação de cuidados, de modo a que o doente terminal viva em paz a sua vida até morrer”. Penso que aqui deverá ser discutido qual o patamar e quem decide, o "viva (...) até morrer".
Link da notícia

Noutra notícia, e aí aponto para as várias tomadas de posição, pois, no fim de contas, não estamos na situação, e cada um é como cada qual, e não sabemos os sentimentos dessas pessoas, o DN, numa notícia de 2007, Outubro, relata um estudo feito pela faculdade de medicina do Porto, feito pelo serviço de biomédica e ética médica dessa universidade, neste estudo, Link da notícia, 50% dos idosos admite a legalização da Eutanásia, e a aceitação do suícidio assistido, estando a diferença dos dois, de forma simples, na existência ou não de doença, respectivamente. Não vou aqui falar das regras do estudo, mas são interessantes. Nas suas conclusões ligam este pensamento ao facto de se sentirem sós, e excluídos do mundo, para complementar este pensamento, que a meu ver está correcto, mas que não deverá ser generalizado na população estudada, Rui Nunes, o director do serviço, pensa que isto reflecte, tal como na notícia anterior, uma necessidade de melhorar, aumentar a rede de cuidados paliativos, neste ponto, de forma rude poderia dizer, BULSHIT, mas não quero ser mal educado, poderia ser irónico e pensar que todos aqueles medicamentos usados para tirar as dores e deixar as pessoas nas nuvens (aquilo que todos os jovens querem na adolescência) são amigos e companheiros destes idosos, mas vou tentar ser sério, ora bem, é simples, cuidados paliativos não são a resolução para os idosos deixarem de se sentir sozinhos ou excluídos, no máximo ficam com mais sono, poderão se rir, poderão não ter consciência do real, morrer sem dores, mas viver sem consciência, ou seja, penso que esta abordagem não foca o social e psicológico dos inquiridos, e não serve de conclusão ou resolução.

No site AidsPortugal, encontrei também algo interessante, na ligação entre os indivíduos seropositivos e a eutanásia, um caso talvez ainda mais complicado que a velhice, num estudo mais complexo, ( mais uma vez vou pedir que vejam a população estudada, a amostra, e o método no link), numa das conclusões, "estima-se que um terço das pessoas vivas com VIH-1 ou SIDA nos países desenvolvidos consideraram o pedido de apressar a morte, a qual é dez vezes mais do que entre os controlos seronegativos".
Num total de 32 entrevistas, entre 1996 e 1998, 20 disseram estar decididos a seguir a eutanásia ou o suicídio assistido, 3 disseram estar contra, e 9 mostraram-se indecisos.
As razões dadas nas entrevistas a favor da eutanásia ou suicídio assistido relacionam-se com o medo e a experiência de dois factores principais: a desintegração e a perda da comunidade, a qual os autores "definiram como uma diminuição progressiva das oportunidades para iniciar e manter relações sociais apertadas. Estes factores resultavam numa percepção de perda de eles próprios. A eutanásia e o suicídio assistido eram vistos pelos participantes como um meio de limitar a perda do "eu".
Estes autores, já relacionam este desejo de 63% dos inquiridos com factos sociais, relações, exclusão e problemas individuais, excluindo as repercussões da doença ou mesmo da sua evolução, ou seja, não é, para eles, uma questão de dor física, mas sim psicológica, e pensam que estas vontades poderão ser minoradas, através de políticas sociais, uma das limitações deste estudo foi o anonimato, pois no Canadá a eutanásia e o suicídio assistido são proibidos por lei.

Existem 3 países onde a eutanásia é legal, na Bélgica, na Holanda e na Suíça, na Austrália apenas foi legal durante uns meses, em 1996, e é também legal no Oregon (USA) - Reuters
Penso que a liberdade implica cada um fazer o que quer com a sua vida, ou melhor, com o término dela, pois não penso que os suíços, os belgas, etc, sejam mais infelizes, porque dão a oportunidade às pessoas, de pensarem se querem ou não morrer, e quando o querem fazer, não pense que implique grandes estudos, não pense que implique grande alarido por parte da medicina, penso que acima de tudo é uma questão social, uma questão individual, psicológica.

Por fim gostava de apresentar este livro, ainda não li, porque não tenho, mas gostei da introdução que é dada, e como tal, eis - Estudo Jurídico da Eutanásia em Portugal - Direito Sobre a Vida ou Direito de Viver?



Sem mais nem menos.

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