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domingo, 21 de junho de 2009

mutilação genital feminina

' “Sofri mutilação genital feminina aos dez anos. A minha defunta avó disse-me então que me iam levar perto do rio para executar uma espécie de cerimónia, e que depois me dariam muita comida. Como criança inocente que era, lá fui como uma ovelha para a matança.

Mal entrei no arbusto secreto, levaram-me para um quarto muito escuro e tiraram-me as roupas. Vendaram-me os olhos e despiram-me completamente. Depois, duas mulheres fortes levaram-me para o local onde seria a operação. Quatro mulheres com força obrigaram-me a deitar-me de costas, duas apertando-me uma perna cada uma. Outra mulher sentou-se sobre o meu peito para eu não mexer a parte de cima do meu corpo. Um bocado de tecido foi-me posto dentro da boca para eu não gritar. Depois raparam-me os pelos.

Quando começou a operação debati-me imenso. A dor era terrível e insuportável. Enquanto me debatia cortaram-me e perdi sangue. Todos os que fizeram parte da operação estavam meios bêbados. Outros estavam a dançar e a cantar, e ainda pior, estavam nus.

Fui mutilada com um canivete rombo.

Depois da operação, ninguém me podia ajudar a andar. O que me puseram na ferida cheirava mal e doía. Estes foram momentos terríveis para mim. Cada vez que queria urinar, era forçada a estar em pé. A urina espalhava-se pela ferida e causava de novo a dor inicial. Às vezes tinha de me forçar a não urinar, com medo da dor terrível. Não me anestesiaram durante a operação, nem me deram antibióticos contra infecções. Depois, tive uma hemorragia e fiquei anémica. A culpa foi atribuída à feitiçaria. Sofri durante muito tempo de infecções vaginais agudas.”

Hannah Koroma, Serra Leoa'

In Amnistia Internacional

O tema de hoje é a Mutilação Genital Feminina. Depois de um testemunho, acho importante descobrir tudo o que está por detrás, razões, porquê's, efeitos.

Como já puderam perceber pelo testemunho de Hannah Koroma, este é um processo doloroso que tem consequências importantes, não só a nível psicológico como físico para a mulher.

Mas no que consiste este processo?
- Remoção inteira ou parcial dos órgãos sexuais da mulher;
- O mais frequente é a infibulação (costura do clitóris ou dos lábios vaginais, deixando uma pequena abertura para a urina e menstruação;
- Este processo é aplicado na sua maioria em raparigas entre os 4 e os 8 anos.

Como é feito ?
- Na maioria dos casos é feita por mulheres da comunidade em que a 'vítima' está inserida;
- Esta é realizada com instrumentos impróprios como facas;
- As mulheres ou crianças não são anestesiadas;
- Na infibulação, poderão ser utilizados espinhos para manter os lábios vaginais juntos (as raparigas necessitam de ficar 40 dias com as pernas atadas).

Efeitos provocados:
- Poderá levar à morte;
- HIV;
- As relações sexuais poderão ser dolorosas (possivelmente, para sempre);
- A nível psicológico, humilhação (visto que, se correr mal a culpa é das 'vítimas' porque é considerado que elas é que já eram promíscuas), entre outros.

Porque é que é realizado ?
- Para as mulheres não se tornarem 'impuras';
- Permitir que só os homens sintam prazer sexual;
- Pela tradição da cultura em que estão inseridas.

No entanto, as mulheres não se podem opôr, pois poderão ser julgadas por recusa e oposição aos valores familiares e identidade cultural.

A mutilação genital feminina ocorre principalmente em África, sebem que entre as comunidades emigrantes também ocorre (incluíndo Portugal).

Esta prática é também fundamentada com a história de nos tempos de guerra, os homens terem de manter as mulheres 'frias' para 'não procurarem o sexo o tempo todo'.

Pretendo que este post seja mais de ordem informativa do que de opinião. Tendo em conta a sociedade em que estamos inseridos, estes actos para mim são reprováveis e, é incrível que existam mulheres neste mundo que ainda tenham de ser submetidas a tratamentos deste tipo e a muitos outros.
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